Ele

quinta-feira, 30 de outubro de 2014



As mesmas palavras ecoam em minha mente toda noite.
Tudo que foi, tudo que deveria ter sido, tudo que é.
Ele. Mostrava-se um exímio contador de histórias, daquelas de se sentar por horas sem nem perceber os minutos passando por todas as linhas e parágrafos bem delineados de sua oratória convicta e criativa de sua imaginação dos fatos impossíveis 'possíveis'.
Passava os dedos pelo ar como um katanas cortam seus inimigos sem dó ou dor, com a mesma leveza e destreza de uma pétala de sakura cai no fluxo d'um riacho tranquilo, denunciando cada detalhe, anunciando cada partida. Exumava pecados, destilava mentiras; só não sabia dar nó em laço de presente, por isso sempre confiava tal ato para quem o soubesse o fazer, contudo em quem confiva, era muito cabreiro quanto às pessoas comuns.
Em dias de sono era sol, sereno e modesto dentre as nuvens de frio. Em noites de amor era o quente, era o grito, sorria a cada gesto, tremia a cada ardor. Que amor. Amor? Deste não experimentara ainda. Oh, não ainda. Mas tinha uma leve noção do que queria.
Queria 'alguém só pra ele', era o que mais dizia corado com um sorriso largo, um tique de levantar o ombro direito cambaleando o ouvido pro lado em meio à visão dourada visível em seus olhos brilhantes como estrelas e nítidos como traços de amor na tela em branco. Outrora quando pintava em meio às tintas, tossia, espirrava, sangrava e sorria; na arte ele encontrara quem o entenderia. Mas não é o bastante dizia. As palavras ainda me são poucas, o tempo como lebre é, me falta sentido pra dar ao que tenho sentido. O que temos hoje aqui, queridos amigos, é ele.
Um exímio contador de histórias, que usa seu único tempo que lhe foi dado para cumprir sua missão de guerra e amor. O tempo é curto, o Abraço forte e a despedida dói. Fomos felizes e sabíamos disto.

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